17/11/2011
20h09 - Atualizado em 17/11/2011 20h17
Eduardo CarvalhoDo Globo
Natureza, em São Paulo
Extração petrolífera de águas profundas fica em xeque, diz Greenpeace.
Oceanógrafo afirma que chance de maré negra na costa do RJ é 'remota'.
O ministro de Minas e
Energia, Edison Lobão, disse nesta quinta-feira (17) que o vazamento de óleo
provocado pela empresa Chevron durante a perfuração de um poço no Campo do
Frade, na Bacia de Campos, "não tem a gravidade que se
anuncia".
Ainda assim, para a organização ambiental
Greenpeace, o acidente do último dia 10 envolvendo coloca em xeque a extração
de óleo em águas profundas.
Segundo Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de
energia da ONG, independente do tamanho da mancha de óleo, o impacto nos
ecossistemas marinhos é certo. “Ocorre em período de médio a longo prazo, que
não vai ser verificado nesta semana ou na próxima. As consequências se
prolongam”, afirma.
O ambientalista afirma que deveria haver uma maior
intensificação nas medidas de segurança antes de iniciar efetivamente a
exploração de petróleo das camadas do pré-sal (em uma profundidade entre 5 e 7
mil metros). “Com o aumento (na extração), vamos observar conflitos com áreas
de preservação”, comenta.
Corrente
marítima
Segundo Alexandre Macedo Fernandes, doutor em oceanografia física pela Universidade do Estado da Flórida e professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), as chances de ocorrer uma maré negra na costa do Rio de Janeiro, atingindo praias da região de Macaé, por exemplo, são remotas.
O especialista afirma que a distância do local da
mancha da costa (cerca de 120 km, segundo a companhia) facilita uma dispersão
do óleo para mar aberto, em direção ao sudoeste. Ele diz ainda que polos de
pesca não serão afetados.
“Mas ainda é cedo para dizer alguma coisa, pois as
informações divulgadas vêm de pessoas que estão com interesse na história. É
cedo para ter uma posição definida”, afirma.
Aumento da
mancha
O Comando de Operações Navais da marinha informou nesta quinta-feira (17) que a mancha de óleo no campo de Frade aumentou. Mas, de acordo com o órgão, embora a mancha tenha se espalhado, ela ficou menos densa. A informação também foi confirmada pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), que estima para os próximos dias a conclusão do abandono definitivo do poço.
Segundo a assessoria de imprensa da Marinha, a
expansão teria ocorrido por efeito do vento e da maré, e teria sido detectada
por sobrevoos e imagens de satélites.
Fernandes considera positiva a dispersão da mancha
para mar aberto. "É interessante que ela (a mancha) vá para mar aberto
porque sofre processo de dispersão. Ela vai aos poucos se misturando com a água
oceânica e o óleo sofre processo de envelhecimento, se desfazendo aos
poucos", explica.
As
estimativas atuais da Chevron continuam situando o volume da mancha dentro da
faixa aproximada de 64 a 104 metros cúbicos, ou 400-650 barris, sem informar se
esta vazão ocorre a cada segundo, minuto ou hora. A área da mancha seria de
pelo menos 163 km².
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (Ibama) divulgou que vai autuar a companhia
Chevron pelo vazamento de óleo. Porém, o valor da multa será definido apenas
quando os trabalhos de contenção da fissura terminarem, já que é proporcional
ao dano ambiental causado.
Sem gravidade
Ainda nesta quinta-feira, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que o vazamento de óleo provocado pela empresa Chevron “não tem a gravidade que se anuncia.”
De acordo com Lobão, a Petrobras e outras empresas
estão ajudando na operação para estancar o vazamento. Ele ainda minimizou o
impacto do acidente alegando que o óleo não está seguindo na direção de nenhuma
praia.
“O vazamento não se deu na direção da praia e sim
em sentido contrário, portanto não perturba ninguém. Além disso, o óleo está
sendo recolhido”, disse ele.
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